Em Portugal, a arte da bengala nasce em Gestaçô, uma freguesia do concelho de Baião. Trata-se de uma arte única e artesanal de muito trabalho e detalhe que, infelizmente, está cada vez mais em desuso e, consequentemente, contam-se pelos dedos os artesãos que ainda se dedicam a este ofício. Para impulsionar a cultura da bengala e investir nos seus artesãos, Gestaçô abre a Casa das Bengalas, com o intuito de não deixar cair a tradição na freguesia. É uma forma de mostrar ao público que a arte continua viva e de dar reconhecimento a quem ainda trabalhe para dar continuidade a este legado.
As primeiras oficinas em Gestaçô surgem no século XIX: “em 1902, Alexandre Pinto Ribeiro monta a sua primeira oficina. Foi este homem que veio revolucionar todo o processo de fabrico de bengalas através da técnica da dobragem, uma técnica inovadora, inventada pelo próprio”, relata Sónia Miranda, responsável pela Casa das Bengalas de Gestaçô. Para a perfeita elaboração destas bengalas, o impulsionador revolucionou todo o processo de fabrico. Alexandre Pinto Ribeiro fabricava bengalas e paus de guarda-chuvas e já naquela altura oferecia emprego a muita gente, tendo sido, durante muitos anos, o principal ganha-pão das pessoas desta freguesia. Com a modernização da indústria e a chegada do plástico, as fábricas foram forçadas a uma adaptação, que deu início a um declive exponencial das vendas, e que, por sua vez, causou o declive da indústria. Esta arte de fabrico manual de bengalas, seja para o uso por necessidade ou mera decoração, está em vias de extinção por falta de interessados na aprendizagem. Já no restante território nacional não existem bengaleiros. A bengala, que em tempos serviu de adorno ao homem, hoje cai em desuso e as oficinas passam por uma crise inevitável. Apesar destes fatores, a verdade é que, enquanto objeto de arte decorativa, estas bengalas são absolutamente magníficas.