A gastronomia nortenha é marcada por uma série de pratos tradicionais que lhe são associados, mas não só: também os costumes, as tradições, as vestes e o modo de confeção são fatores atrativos que marcam a cozinha portuguesa. Em Santa Cruz do Douro, Baião, encontramos a “Casa do Lavrador”, um restaurante típico em todos os aspetos, da maneira de agir à forma de fazer, indo ao encontro do que era o dia-a-dia de uma família de lavradores há cem anos.
Com paragem obrigatória em determinadas ocasiões do ano, a “Casa do Lavrador” retrata fielmente a casa do camponês do século XIX aos inícios do século XX, tanto no exterior como no seu interior. É um espaço que não deixa passar em branco qualquer que seja a romaria ou festividade, tal como a tradição manda.
Inaugurado a 26 de Junho de 1999, o espaço é simultaneamente restaurante e museu. Falámos com Elisabete Gomes, trajada a rigor, que é a responsável pela vertente turística do estabelecimento. Esclareceu-nos que “apesar de ser uma casa que remete para o século XIX e os materiais da construção sejam, de facto, da época, toda a construção teve por base casas que estavam em ruínas” e que foram feitas várias pesquisas de pessoas ligadas à Associação Cultural e Recreativa de Santa Cruz do Douro para criar um espaço o mais fiel possível alegoricamente à época. “O objetivo foi, desde a primeira era, tentar imortalizar aquelas que eram, por um lado as tradições, o modo de ser, estar e agir de uma família de lavradores desta região e, ao mesmo tempo, imortalizar aqueles que eram os ofícios ligados ao dia-a-dia dessa família”, explica. De facto, toda a decoração do espaço mantém a traça de uma casa antiga, desde as vestes das cozinheiras, às toalhas de mesa e até ao facto de não ser utilizado qualquer tipo de eletricidade (muito menos wi-fi!). Celebram as romarias de antigamente, como a desmancha do porco, a desfolhada do milho, a pisa das uvas e a malha do centeio.