Em pleno centro da vila de Chacim, o que agora é ruína, outrora era uma das maiores fábricas de seda de Portugal que albergava mais de 400 trabalhadores. Construída no século XVIII, aprovado pela Rainha Maria I, o real filatório é, de facto, uma visão de grandiosidade e, apesar de lhe restar apenas o esqueleto, os três pisos que constituíam a fábrica ainda são notáveis. Desde tafetás e mantos a cetim de grande qualidade que chegavam a competir com os tecidos italianos devido à grande qualidade dos casulos do bicho de seda transmontano.
O Real Filatório de Chacim contava com três andares, sendo que o moinho e a base hidráulica ocupavam dois deles. Tinha também a casa dos casulos onde, como o nome indica, se guardavam os casulos dos bichos de seda e onde faziam a tintura dos tecidos. Dos cerca de 400 operários da fábrica da seda, 338 eram mulheres. Luís Claudino, que se formou na área da cultura patrimonial, aponta para o facto de que, neste caso, “cai por terra a ideia que temos de que as mulheres no século 18 não trabalhavam nem tinham direito a salário. Aqui não se aplica. As 338 mulheres que aqui trabalhavam recebiam salário, infelizmente não tão competitivos como os dos homens”.