ESPINHO | Pesca com Arte

A arte xávega é um sistema de pesca tradicional. A palavra tem origem árabe e tomou, ao longo dos tempos, várias designações, mas, neste caso, falamos de um tipo de rede de pesca para arrasto de peixe que, devido à complexidade da sua manufatura, é considerada uma arte. Encontramos este cenário, principalmente, na costa norte e centro de Portugal. No entanto, destacamos Espinho como o núcleo mais importante deste tipo de pesca.

 

“Chega a Espinho através dos pescadores do furadouro de Ovar”, introduz Armando Ribeiro, um perito neste assunto. “Por volta de 1750, começam a vir pescar para esta costa e, aos poucos, foram pernoitando por aqui, até que acabam por povoar a praia de Espinho. Assim dá-se a povoação da praia de Espinho e a fixação do primeiro núcleo de pessoas, que é um núcleo piscatória”, continua. Aponta ainda que existem três festas religiosas ligadas à pesca que são celebradas em Espinho, o S. Pedro em Junho, a Nossa Senhora do Mar, padroeira do bairro piscatório e, por último, em Setembro, a Nossa Senhora da Ajuda, que é a padroeira dos pescadores e da cidade.

“O barco entra no mar, num barco muito rudimentar. Fica uma ponta da rede em terra e vai outra ponta com eles (pescadores). Depois lançam a rede e o arrasto é feito com a ponta que estava lá que se vem juntar de um lado a outro, dando início a arrasto”, documenta Armando Ribeiro. Este processo está associado a uma organização social, isto é, a uma companhia. Funciona da seguinte forma: há um patrão, o dono do barco e da arte – rede – que contrata pescadores. Há o arrais do mar responsável pela coordenação do trabalho da embarcação no mar, o arrais de terra que, por sua vez, fica encarregado do trabalho em terra.