GONDOMAR | A Fundição Sineira de Rio Tinto

O que têm em comum o Palácio da Pena, em Sintra, o Castelo de Palmela, a Sé da Guarda ou o Mosteiro de Grijó? A resposta não é imediata, mas existe: todos têm sinos fundidos em Rio Tinto! Foi nesta cidade do concelho de Gondomar que, durante mais de 80 anos, se fabricaram artesanalmente sinos. Na Fundição Sineira de Rio Tinto.

 

O mais pesado de sempre pesava duas toneladas e está hoje no Mosteiro de Grijó. Sinos igualmente monumentais produzidos na Rua Guilherme Cirne, em Rio Tinto, encontram-se hoje a tocar na Sé da Guarda, no Palácio da Pena, na Madeira, em Lisboa e, claro, na igreja matriz local, onde foi feito o carrilhão de 17 sinos.

A Fundição de Sinos de Laurentino Martins da Costa começou a operar em Rio Tinto na década de 30 do século XX e manteve-se em atividade até 2012. Foi a penúltima a resistir às novas tecnologias e aos modernos processos de fabricação. Hoje, apenas existe uma em Braga, por sinal, também com raízes familiares na sua fundação com a família Costa. Aliás, a empresa sediada em Gondomar fio sempre uma instituição de família.

Mas, antes de se ter fixado nas últimas instalações (para onde se deslocou na década de 50), onde aí é possível encontrar o que resta da fábrica, a Fundição tinha já estado próximo da Estação do Caminho-de-ferro e, deriva da antiga fundição de sinos Portuense, que abriu portas em 1899, na Rua do Heroísmo. É, pois, uma instituição que conheceu três séculos de história e sempre trabalhou com técnicas artesanais que se mantiveram praticamente inalteradas desde a Idade Média. E quem visitou a fábrica, enquanto ela se manteve aberta, tinha justamente a impressão de ter entrado num mundo mágico do tempo, deparando-se com um ambiente em tudo semelhante ao período medieval.