Ocupa, obviamente, a posição de maior destaque da Igreja Matriz. A lenda é até precisa quanto à data em que Nicodemus terá esculpido a imagem de Cristo: três de maio do ano de 124. Já a ciência permite datar a escultura no período compreendido entre o final do século XII e o século XIV. De uma forma ou de outra, está em Matosinhos a mais antiga reprodução escultórica de Jesus.
A referência histórica e documental mais antiga, até agora conhecida, à imagem e à devoção que lhe está associada, data do remoto ano de 1342, sendo, muito provavelmente, a mais antiga imagem portuguesa de um Cristo na Cruz, esculpida em madeira e em tamanho natural. Ainda no campo das probabilidades, afigura-se datar como muito correta a época da transição do românico para o gótico, ou seja, na pior das hipóteses, o Senhor de Matosinhos que podemos admirar na Igreja Matriz será do início do século XIV.
Só por este facto, já se justifica uma visita demorada à Matriz, mas igualmente interessante e apaixonante é a lenda que lhe está associada, que tem, ao contrário da esmagadora maioria das crenças populares, uma data absolutamente precisa: três de maio de 124. Segundo a mesma, terá sido pouco antes dessa data que a figura bíblica, Nicodemus, terá retirado Cristo de cruz e o terá colocado no sepulcro.
Nicodemus desfez-se das imagens, lançando-as ao mar, no caso, o Mediterrâneo. Por obra do acaso, uma das imagens, a mais perfeita de todas, atravessou o estreito de Gibraltar e, levado pelas correntes, já em pleno Atlântico, chegou a uma praia longínqua, mas bem conhecida dos matosinhenses: a praia do Espinheiro! No dia três de maio de 124.
