MONÇÃO | Coca: a lenda do bom vilão

A lenda não deixa dúvidas quanto ao carácter malvado da Coca, ser mítico e diabólico, inimigo do bem. No entanto, em Monção, não deixando estas características, transfigura-se e torna-se num animal por quem se nutre até carinho e simpatia e alvo de várias brincadeiras com os mais novos. Uma espécie de bom vilão, que é protagonista de uma das mais afamadas festas em todo o Alto Minho.

 

O recinto, junto à igreja, está lotado. Milhares e milhares de pessoas preparam-se para ver aquele que é sempre o combate do século. Os protagonistas surgem na arena: um monçanense montado a cavalo e, do outro lado, um ser que pode parecer estranho aos forasteiros, mas que todos conhecem, uma espécie de dragão colorido. Há aplausos e apupos. A luta vai-se desenvolvendo. A maioria dos presentes torce pelo cavaleiro, mas há sempre quem tome o partido do bicho estranho e grite incentivos “força, Coca” ou “este é teu ano, mafarrico”. Debalde. Inapelavelmente, vence o cavaleiro, o que é bom. Acredita-se que a derrota da Coca significa bom ano de colheitas e, sublinhe-se, de bom ano vinícola, o que é fundamental para um concelho que tem no Alvarinho uma das maiores, senão mesmo a maior, joia da coroa. A luta termina, mas a festa continua. E prolonga-se por outros dias e palcos.