O Alto da Senhora da Graça é um lugar mítico, não apenas devido à imponência do Monte Farinha, que atinge quase os mil metros de altitude, mas sobretudo devido às lendas que lhe estão associadas, que são muitas, misteriosas e variadas. A par disso, há a lendária chegada da Volta a Portugal. Quem vence na Senhora da Graça passa a ser uma verdadeira lenda na velocipedia nacional.
É uma subida íngreme e seletiva. Por vezes, o declive chega aos 12 por cento e só mesmo os mais bem preparados conseguem vencer. Estamos a falar, claro, da mítica chegada ao Alto da Senhora da Graça, a etapa mais carismática da maior prova do ciclismo nacional.
No cimo, calma e serena, alternando a agrura da canícula com o frio glaciar, o Santuário aguarda que os melhores vão chegando para com eles partilhar um pouco da elevação demiurga. Cá de baixo, a montanha parece ainda mais alta e, por isso, não é de surpreender a enorme quantidade de lendas que se foi contando, ao longo dos tempos. Entre outras, existe a Lenda da Moura Encantada, a Lenda da Cíninia, a Lenda da Pedra Alta, a Lenda da Serpente, a Lenda do Raio de Sol, a Lenda do Ermitão ou a Lenda da Mina dos Mouros. Mas a mais curiosa será talvez a Lenda dos Pescadores, segundo a qual se acredita que uns pescadores perdidos no mar terão avistado a capelinha caiada no topo do Monte e terão rogado por proteção à Senhora que, de noite, abandonou o seu lugar e foi salvar os pescadores. No dia seguinte, a capela cheirava a sal e a maresia! Dai que, ainda hoje, entre os muitos peregrinos, são muitos os pescadores a deslocar-se, em culto de fé, ao Santuário de Nossa Senhora da Graça.