PÓVOA DE LANHOSO | O Ouro de Travassos

Póvoa de Lanhoso, Gondomar, Cantanhede e Viana do Castelo são as quatro principais cidades portuguesas que têm, em comum, um trabalho prestigiado na área da ourivesaria. Em Travassos, freguesia situada no concelho de Póvoa do Lanhoso, existe uma comunidade na qual todas as famílias estão ou estiveram ligadas à atividade da ourivesaria e onde se diz ter nascido a ourivesaria em Portugal.

 

Apesar de uma crescente industrialização, nesta vila, o trabalho continua a ser tradicional, existindo cerca de 40 oficinas ativas, que herdaram o saber e a arte nas peças tradicionais que vão desde brincos e argolas até aos corações de filigrana. Destaca-se o Museu do Ouro, criado no intuito de divulgar o trabalho de ourivesaria dos artesãos locais, que conta com um vasto espólio, parte da coleção de Francisco de Carvalho Sousa, um ourives natural da região que contou com meio século na atividade.

O museu foi inaugurado a três de Março de 2001 e narra a história de uma comunidade através da família do ourives Francisco de Carvalho Sousa que tem muitas semelhanças com as demais famílias de Travassos. O ourives juntou as peças de ouro e as ferramentas de trabalho, que reunia já desde os 14 anos, com o propósito de criar uma coleção para exposição. “Sempre teve gosto pela questão do património e quando achava que a peça tinha uma história para contar, guardava-a”, conta Manuel Sousa, atual diretor do museu e filho de Francisco. Graças a esta visão, o museu tem uma vasta coleção da cruz do Santo Ofício da Inquisição e uma quantidade significativa de brincos do tempo do Estado Novo.