RESENDE | Onde o reino ganhou pernas para andar

Foi no Mosteiro de Santa Maria de Cárquere que aconteceu a cura milagrosa de D. Afonso Henriques, quando tinha apenas cinco anos. Acredita-se que terá sido o seu aio, Egas Moniz, com as suas preces a Santa Maria, que terá intercedido e contribuído para que a santa lhe aparecesse e curasse as pernas “encolheitas” do rei-criança.

 

A narrativa, entre a lenda e a realidade, está polvilhada de fé, crença e, claro, culmina com uma cura milagrosa. A acreditar nos relatos oficiais do reino, terá sido aqui, em Cárquere, que D. Afonso Henriques terá ganhado pernas para andar. Literalmente. Com milagre ou sem ele, parece mesmo que o rei padecia de uma malformação grave nas pernas e que, ainda criança, ter-se-á curado. E a cura aconteceu por terras de Resende, como é referido em crónica de 1419.

A Cárquere está ligado o poder senhorial família dos Resendes, cruzando-se aqui também a história e a lenda, que atribui a fundação deste Mosteiro a Egas Moniz, o aio de D. Afonso Henriques, após o milagre da cura das pernas do primeiro rei.

O que se conta é que Egas Moniz, da Casa de Ribadouro, terá pedido ao Conde D. Henrique que o deixasse ser o aio do filho de Dona Teresa, que se encontrava grávida. O Conde acedeu, só que a criança teria uma malformação muito grave nas pernas. Tão grave que ninguém acreditava que a cura fosse possível: “tinha as pernas encolheitas (…)nunqua mais podia ser são delas”, podia ler-se na crónica. No entanto, o seu aio sempre acreditou na cura e suplicou a Santa Maria um milagre. Quando a criança teria cinco anos de idade, a santa apareceu a Egas Moniz e disse-lhe que procurasse um lugar onde existia uma igreja inacabada a si dedicada, aí fizesse vigília e no altar colocasse a criança, que seria curada. Ele assim fez e D. Afonso Henriques, por milagre, ficou curado! Diz-se ainda que por esse motivo D. Henrique aí erigiu o mosteiro de Cárquere.