RIBEIRA DE PENA | O ano intenso que marcou Camilo

Camilo Castelo Branco esteve pouco mais de um ano em Ribeira de Pena. No entanto, foi uma temporada intensa, que provavelmente terá marcado o desígnio do escritor para toda a vida. Aqui estudou, realizou os primeiros escritos públicos, casou, foi pai e foi forçado a fugir para salvar a pele. Tudo isto entre os 15 e os 16 anos de idade, um ano intenso que ligou para sempre o romancista à vila e vice-versa.

 

Foi na Igreja do Salvador, a 18 de agosto de 1841, que o jovem e promissor Camilo, de apenas 16 anos, desposou Joaquina Pereira de França, rapariga de boas famílias de Ribeira de Pena, de 14 anos. Dessa união, viria a nascer Rosa, que haveria de morrer ainda em criança, o mesmo acontecendo, pouco depois, com Joaquina, quebrando-se aqui a relação do escritor com a vila.

Depois do, ao que tudo indica, faustoso casamento, o sogro montou casa ao jovem Camilo em Friúme, mas apenas Joaquina lá terá ficado, a título permanente, pois o marido continuou a viver, por ordem do sogro (que não queria que descurasse os estudos), na Granja Velha, onde passava a semana com o pároco Manuel da Lixa, que o ensinava Latim, uma vez que o principal objetivo da vinda do novelista para aqui (depois de uma breve passagem por Vilarinho da Samardã) era aprender essa língua com Manuel da Lixa, afamado latinista, indicado pela sua prima Maria do Loreto, que também residia em Friúme. Ora, Camilo pretendia inscrever-se em Medicina e, na altura, saber latim era condição obrigatória.