VIEIRA DO MINHO | Os fornos do povo

Nas aldeias de Campos e Lamalonga, os fornos comunitários são o testemunho vivo de um passado não muito distante em que a população dispunha de serviços que eram de todos, uma marca de entreajuda e de solidariedade que, entretanto, com o tempo, aos poucos, se foi esbatendo. Os enormes fornos de granito continuam de pé e perpetuam a memória e a história da ruralidade em Portugal.

 

Em Vieira do Minho, a memória de um país rural não muito longínquo encontra-se bem patente nos fornos comunitários de Campos e Lamalonga, aldeias de um interior que sofrem do mesmo problema de toda a faixa não costeira portuguesa: a desertificação, consequência do êxodo das gerações mais novas para os meios urbanos em busca de melhores condições de vida.

De facto, a vida no início do século XX não era fácil. Dessa forma, a população era forçada a inventar soluções que lhe permitisse superar as carências económicas. Um dos trunfos era, claro, a união e a solidariedade entre as pessoas. Foi desta filosofia que nasceram, com toda a certeza, os fornos do povo, equipamentos que eram pertença de todos.

De grandes dimensões, nas aldeias de Campos e de Lamalonga, os fornos do povo testemunham um passado profundamente marcado pelo comunitarismo. São edifícios de granito, cumeados por grandes lajes. Ali o povo cozia o seu pão, organizando-se na partilha do espaço e no fornecimento de lenha para o aquecer. Serviam também para refúgio de quem passava pela aldeia, viajante ou pobre pedinte. Ou, até, para habitação permanente! Afirma-se que foi o que aconteceu com o forno comunitário de Campos, que terá sido construído na primeira ou na segunda década do século passado pela Junta de Freguesia com o intuito de servir de casa a um ferreiro que não tinha onde dormir e viver.