VILA NOVA DE FOZ CÔA | Uma viagem à Pré-História

Um elemento histórico que quase ficou obstruído devido à planificação da construção de uma barragem que, felizmente, não chegou a acontecer, preservando este pedaço de património que remonta ao paleolítico e neolítico. Hoje, é o mais importante conjunto arqueológico do género ao ar livre do mundo.

 

Falamos das pinturas rupestres de Vila Nova de Foz Côa, uma área que, desde 1996, é considerada um parque arqueológico, onde podemos encontrar vestígios da passagem dos homens da pré-história pelos 17 quilómetros que abrangem as margens do rio do Vale do Côa. Calcula-se que se encontrem gravadas na rocha milhares de gravuras que documentam as diversas idades da pré-história e da história humana em Portugal.

Dentro da extensão, existem cerca de 80 sítios com arte conhecida, mas não da mesma fase. A mais conhecida, representativa, de maior importância e mais antiga, é a do paleolítico superior, classificada como património da humanidade pela UNESCO. Estas gravuras correspondem a uma data de 30 a 10 mil anos antes de Cristo. “A primeira rocha a ser oficialmente identificada no Vale do Côa está inserida num painel que foi identificado anos antes de 1994, mas apenas oficialmente reconhecidas pela comunidade científica nesse ano”, explica a arqueóloga e guia do museu, Cristina Rebelo. “No paleolítico superior era regra a representação dos grandes herbívoros”, continua a arqueóloga. Neste parque arqueológico estão representadas quatro espécies de médio e grande porte. São elas o auroque, o cavalo, as cabras e veados. “As representações podem ser de diversas fases, dentro do paleolítico, isto é, podemos observar aqui gravuras com 22, 23 mil anos, e outras com 18 ou 15 mil anos, mas sempre dentro do mesmo pacote paleolítico”, explicita. Algumas das técnicas usadas para estas representações são o picotado e o abrasão, que fazem parte da fase mais antiga do paleolítico, a técnica da raspagem e a incisão filiforme – que é utilizada no logotipo do parque.