VILA NOVA DE GAIA | Sempre a Riffar

Quem ainda não conhece o Conjunto Corona merece levar “chino no olho”. Corona, mais que uma banda, é uma identidade. É o estereótipo da pessoa da zona do Grande Porto e Norte, baseado nas próprias vivências e experiências do duo David Bruno e Edgar Correia. O estilo principal que caracteriza esta banda é o Hip Hop, mas os seus componentes não se consideram reféns de nenhum estilo musical ou rótulo. Acima de tudo, consideram o que fazem um projeto artístico que explora ideias e que vive muito da liberdade de expressão.

 

David foi convidado pelo vocalista dos Conjunto Corona, Edgar Correia, a fazer instrumentais para um projeto pessoal. David mostrou-lhe uma cassete que tinha guardado com um conjunto de instrumentais, todos baseados em samples de rock psicadélico. Esta integração mudou o rumo inicialmente idealizado e os dois passam, então, a fazer um trabalho sobre a cidade do Porto na altura em que, segundo David Bruno, que reside em Vila Nova de Gaia, “estava cheia de coronas”, ou seja, personagens muito típicas e características. “Era uma maneira de simbolizar todas essas pessoas e esse Porto antigo e diferente do de agora”, explica David. A inspiração para o nome do grupo vem de uma banda americana formada por latinos de Corona Queens. “A partir daí, o resto é história… Uma sucessão de alguns em que cada um deles é um capítulo da vida dessa personagem que nós inventamos”, conta.

Quanto ao estilo musical, David admite que “podemos caracterizar o nosso estilo como transformar arte e dar valor artísticos a coisas que supostamente não valem nada. Somos um projeto artístico que explora as ideias que mais nos convêm e que queremos explorar na altura porque achamos relevante. Há demasiada liberdade naquilo que fazemos para que se possa rotular a nossa música”. Os temas das músicas rondam a temática do Grande Porto, mas as histórias são meramente imaginativas. David Bruno acredita que “cada um pode interpretar o que ouvi à sua maneira e é essa a sua intenção”. No entanto, admite que há uma mensagem clara sobre “a gentrificação do Porto e a perda de cultura e de identidade do Porto como nós a conhecíamos”.